Evento Professores, psicólogos e investigadores falam do confinamento e do pós-COVID para famílias com crianças e jovens, num conjunto de entrevistas disponíveis online.
Com as crianças privadas da escola e limitadas ao ambiente das suas casas há mais de dois meses, Mário Fortes, professor e investigador de Coimbra, doutorado em Inteligência Emocional, decidiu convidar um painel de especialistas a falar na sua plataforma online sobre a melhor forma das famílias enfrentarem os desafios do confinamento e também do desconfinamento. Às conversas com o médico Pedro Ribeiro, especialista em Medicina Interna, com o professor de Motricidade Humana Carlos Neto, grande defensor da autonomia e da importância das brincadeiras e jogos ao ar livre na infância, e com a psicóloga Sara Bahia, professora de Psicologia na Universidade de Lisboa, que reflectiu sobre a “criatividade na adversidade”, muitas outras se vão seguir até ao fim de Maio. Todas as conversas ficam disponíveis no site www.mariofortes.pt, no Facebook ou no Instagram com o mesmo nome.
São para já 10 as conversas sob o tema “Em casa e com os seus filhos”
Estas conversas surgem, segundo Mário Fortes, para ajudar a «dotar as famílias de ferramentas que lhes permitam passar o melhor possível este confinamento social, no que respeita a formas de aceitar a pandemia nas suas vidas, de saberem lidar e trabalhar as emoções, fortalecer os laços familiares, activar a criatividade e realizar uma série de actividades que proporcionem momentos extraordinários». No fundo, para que «esta pandemia não seja apenas vista como uma adversidade mas também como oportunidade para mudanças significativas, e para melhor» na vida das famílias.
Actualmente a trabalhar como docente e investigador na Universidade da Madeira, região em que desenvolve o projecto KidsTalentum – que promove competências sociais e emocionais das crianças através de brincadeiras e actividades na natureza -, Mário Fortes acredita que o momento que atravessamos pode ser uma «oportunidade» para repensar e modificar a educação de crianças e jovens. A valorização e o maior envolvimento da família, a possibilidade dos pais poderem passar mais tempo com os filhos, metodologias de ensino adaptados às capacidades de cada um, mais espaço para brincar, para a criatividade e autonomia, com promoção do desenvolvimento físico, emocional e social, e uma maior relação com a natureza são algumas das ideias que tem defendido nas suas teses.
Tecnologia a “estilhaçar” os relacionamentos
No que se refere ao momento actual, de isolamento imposto devido a uma pandemia, Mário Fortes enaltece o esforço feito pela tutela da Educação e mais ainda o dos professores, mas alerta para o
excesso de actividades e para o tempo em frente a ecrãs. «Temos pessoas a viver na mesma casa sem convívio social, crianças e jovens oito horas ao computador, pais em teletrabalho e ainda a apoiar os filhos menos autónomos, absorvidos na realidade virtual. A tecnologia está a captar toda a nossa atenção e a estilhaçar os nossos relacionamentos e isso é muito perturbador», declara, notando que não sobra grande tempo para ser aproveitado com qualidade no relacionamento de pais e filhos.
São para já 10 as conversas sob o tema “Em casa e com os seus filhos”. Estão para ser entrevistados Alicia Freitas, psicóloga clínica, Rosa Affonso, psicóloga e investigadora na área do desenvolvimento infantil, Rui Mendes, professor da Escola Superior de Educação de Coimbra, entre outros. «Quisemos escolher um painel que responda a muitas das dúvidas que estão a surgir na casa dos portugueses neste longo período de confinamento social. Temos temáticas multidisciplinares que vão desde a saúde, ao desenvolvimento emocional e desenvolvimento motor, educação, leitura, criatividade, importância do brincar e dasartes no desenvolvimento humano. Queremos ainda sublinhar a adversidade como oportunidade de crescimento», declara Mário Fortes.
Artigo no diário de Coimbra.